Nessa minha convivência no mercado da saúde, tenho conversado muito com
médicos de diferentes patologias e acabei chegando a triste conclusão que
médicos que vivem da clínica particular são aves raríssimas. Os médicos que
prestam serviços aos planos de saúde recebem valores vergonhosos por consulta.
Os responsáveis pelos planos de saúde alegam que os avanços tecnológicos
encarecem a assistência médica de tal forma que fica impossível aumentar a remuneração
sem repassar os custos para os usuários já sobrecarregados. Os sindicatos e os
conselhos de medicina desconfiam seriamente de tal justificativa, uma vez que
as empresas não lhes permitem acesso às planilhas de custos.
A Fipe realizou um levantamento do custo de um consultório-padrão, alugado com atendente, mais uma auxiliar de enfermagem, faxineira, contator somados os encargos sociais mais contas e impostos, esse consultório padrão exigiria em média R$ 6.500,00 por mês para sua manutenção.
A Fipe realizou um levantamento do custo de um consultório-padrão, alugado com atendente, mais uma auxiliar de enfermagem, faxineira, contator somados os encargos sociais mais contas e impostos, esse consultório padrão exigiria em média R$ 6.500,00 por mês para sua manutenção.
Por isso, os usuários dos planos de saúde se queixam: "Os médicos não examinam mais a
gente"; "O médico nem olhou a minha cara, ficou de cabeça baixa
preenchendo o pedido de exames enquanto eu falava”; "Minha consulta durou
cinco minutos”.
Voltemos às consultas, razão de existirem os consultórios médicos. Em princípio, cada consulta pode gerar de zero a um ou mais retornos para trazer os resultados dos exames pedidos. Os técnicos calculam que 50% a 60% das consultas médicas geram retornos pelos quais os convênios e planos de saúde não desembolsam um centavo sequer.
Voltemos às consultas, razão de existirem os consultórios médicos. Em princípio, cada consulta pode gerar de zero a um ou mais retornos para trazer os resultados dos exames pedidos. Os técnicos calculam que 50% a 60% das consultas médicas geram retornos pelos quais os convênios e planos de saúde não desembolsam um centavo sequer.
É possível exercer a profissão com competência nessa velocidade?
Conversando com médicos com experiência de quem atende doentes há quase 40
anos, posso garantir-lhes que não é.
“O bom exercício da medicina exige, além do exame
físico cuidadoso, observação acurada, atenção à história da moléstia, à
descrição dos sintomas, aos fatores de melhora e piora uma análise, ainda que
sumária, das condições de vida e da personalidade do paciente.”
Levando em conta, ainda, que os seres humanos costumam ser pouco
objetivos ao relatar seus males, cabe ao profissional orientá-los a fazê-lo com
mais precisão para não omitir detalhes fundamentais. A probabilidade de cometer
erros graves aumenta perigosamente quando médicos se vêem obrigados a avaliarem
quadros clínicos complexos entre dez e 15 minutos.
O que os empresários dos planos de saúde parecem não enxergar é que, embora consigam mão-de-obra barata - graças à proliferação de faculdades de medicina que privilegiou números em detrimento da qualidade -, acabam perdendo dinheiro ao pagar honorários tão insignificantes: médicos que não dispõem de tempo a "perder" com as queixas e o exame físico dos pacientes, pedem exames desnecessários. Tossiu? Raios X de tórax. O resultado veio normal? Tomografia computadorizada. É mais rápido do que considerar as características do quadro, dar explicações detalhadas e observar a evolução. E tem boa chance de deixar o doente com a impressão de que está sendo cuidado.
O que os empresários dos planos de saúde parecem não enxergar é que, embora consigam mão-de-obra barata - graças à proliferação de faculdades de medicina que privilegiou números em detrimento da qualidade -, acabam perdendo dinheiro ao pagar honorários tão insignificantes: médicos que não dispõem de tempo a "perder" com as queixas e o exame físico dos pacientes, pedem exames desnecessários. Tossiu? Raios X de tórax. O resultado veio normal? Tomografia computadorizada. É mais rápido do que considerar as características do quadro, dar explicações detalhadas e observar a evolução. E tem boa chance de deixar o doente com a impressão de que está sendo cuidado.
A economia no preço da consulta resulta em contas astronômicas pagas aos
hospitais, onde vão parar os pacientes por falta de diagnóstico precoce, aos
laboratórios e serviços de radiologia, cujas redes se expandem a olhos vistos
pelas cidades brasileiras.
Médicos ameaçam pedir saída de plano de saúde
Cinquenta cirurgiões cardiovasculares do Paraná, cooperados das 22
unidades da Unimed no Estado, vão pedir descredenciamento da operadora de
planos de saúde a partir do dia 22. Em Maringá, três dos quatro médicos que
atendem pela empresa deram sinal verde ao desligamento; um não foi encontrado
para falar sobre o assunto. O motivo para a saída dos cirurgiões é uma suposta
dificuldade de negociação para reajuste dos valores pagos pelos procedimentos.
A Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Paraná (CoopCárdio-PR) – que
agrega 76 profissionais – diz tentar há 15 meses negociar o reajuste dos
honorários.
"Nós nunca conseguimos sentar com o pessoal da Unimed e falar sobre
reajustes", disse o diretor-presidente da CoopCárdio-PR, Marcelo Freitas.
Ele afirmou ainda que cirurgiões credenciados por outros planos de saúde já
chegaram a um acordo, mas o impasse persiste com a Unimed. "Só nos restou
o descredenciamento."
É nessa etapa que entra em campo o judiciário que vem salvar vidas
através das mãos de “ainda” raros profissionais advogados especializados na
área da saúde, que fazem prevalecer os direitos constantemente negados,
principalmente quando os tratamentos solicitados são referente a doenças
crônicas que em sua maioria resulta em tratamento de alto custo. Se falar na
assistência farmacêutica então, ou mesmo o home care, ai a situação só piora.
Aos médicos, que atendem a troco de tão pouco, só resta à alternativa de
explicar à população que é tarefa impossível trabalhar nessas condições e pedir
descredenciamento em massa dos planos que oferecem remuneração vil. É mais
respeitoso com a medicina procurar outros meios de ganhar a vida do que
universalizar o cinismo injustificável do "eles fingem que pagam, a gente finge
que atende”.
O usuário, ao contratar um plano de saúde, deve sempre perguntar quanto receberão por consulta os profissionais cujos nomes constam da lista de conveniados. Longe de mim desmerecer qualquer tipo de trabalho, mas eu teria medo de ser atendido por um médico que vai receber bem menos do que um encanador cobra para desentupir o banheiro da minha casa.
O usuário, ao contratar um plano de saúde, deve sempre perguntar quanto receberão por consulta os profissionais cujos nomes constam da lista de conveniados. Longe de mim desmerecer qualquer tipo de trabalho, mas eu teria medo de ser atendido por um médico que vai receber bem menos do que um encanador cobra para desentupir o banheiro da minha casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário