domingo, 18 de setembro de 2011

PREVENÇÃO À SAÚDE VERSUS ACESSIBILIDADE

Adriana da Cunha Leocadio*
A relação entre saúde e condições gerais de vida das populações, foi constatada e explicitada na origem da medicina moderna. Os médicos, envolvidos com o intenso movimento social que emergiu ao relacionarem a doença com o ambiente, articulavam-no também às relações sociais que o produziam. A medicina fundia-se à política e expandia-se em direção ao espaço social.
Esse pensamento identifica-se à com a perspectiva anticontagionista, que atribui a doença a um desequilíbrio do conjunto de circunstâncias que interferem na vida de um indivíduo ou de uma população, constituindo uma predisposição favorável ao surgimento de doenças.
O movimento da medicina preventiva surgiu, visando dar uma melhor qualidade de vida a população.  A concepção de níveis de prevenção foi incorporada ao discurso da Medicina Comunitária no Brasil na década de 1960 e orientou o estabelecimento de níveis de atenção nos sistemas e serviços de saúde que vigora até hoje. Foi amplamente difundida durante os anos 70 e 80 juntamente com as propostas de Atenção Primária em Saúde e a idéia de “saúde para todos no ano 2000”, contida na declaração de Alma-Ata (Teixeira, 2001). Contudo, o desenvolvimento da medicina no Brasil manteve a predominância de uma prática individual, com enfoque curativo dos problemas de saúde e a as dicotomias teoria-prática; psíquico-orgânico; indivíduo sociedade, ou seja, chegamos há 2011 sem conseguirmos colocar em prática o Projeto feito para o ano 2000 -   “SAÚDE PARA TODOS”.

Agora é minha pergunta é: por que não evoluímos? Para onde foram os recursos destinados à saúde?

Técnicas de exames complementares com sofisticação crescente aperfeiçoaram as ações preventivas com base no diagnóstico precoce. Foram construídos recursos poderosos para prevenção de doença, incapacidade e morte por problemas como cardiopatia isquêmica, algumas formas de câncer, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, etc.
Mais uma vez, tudo na teoria fica bem mais bonito e plausível. Personagens formadores de opinião indo a mídia falar sobre prevenção, programas de conscientização, tudo é válido, a única coisa que não é valida e nem um pouco produtiva é na hora que vamos buscar a acessibilidade à realização dos exames preventivos, nos deparamos com uma condição subumana. Será que não estamos qualificando a população em termos de informação e caminhando para um nível de estrangulamento no fim do túnel, onde não há nem um fio de luz.
Convido todos a fazer um breve exercício mental: o que acontece com uma mulher que realiza o auto-exame da mama, detecta um caroço e vai à busca de realizar um exame de mamografia no SUS ou ainda pior através do Plano de Saúde que paga com muito esforço mensal. No mínimo vai aguardar uma fila de 6 meses de espera no SUS e 30 dias no Plano de Saúde. Isso estou falando de São Paulo – Capital que ainda é considerada a referencia no Brasil.
Se abrirmos o leque de doenças imagem aqueles que sofrem com doenças degenerativas, reumáticas, psiquiátricas, obesidade, oftalmológicas, cirurgias plásticas reconstrutivas, neurológicas, cardiológicas a necessidade de medicamentos de alto custo, cirurgias, colocação de próteses entre muitas outras. Pra não chofer no molhado e ficarmos falando somente do câncer e suas diversas tipificações.
Inúmeros eventos internacionais, publicações conceituais e resultados de pesquisas práticas foram elaborados no decorrer dos últimos 15 anos, evidenciando a grande diversidade de perspectivas contempladas no campo da promoção da saúde. Por um lado, observa-se uma tendência que privilegia, nos projetos em promoção da saúde, a dimensão comportamental e do autocuidado.
Os conceitos de prevenção de doenças e de promoção da saúde não se distinguem claramente na prática do setor saúde. As práticas em promoção da saúde, da mesma forma que as de prevenção de doenças, fazem uso do conhecimento técnico e científico específico do campo da saúde.
Para o Dr. Jorge Boucinhas [ médico e professor da UFRN ]
as estatísticas afirmam que a população como um todo está vivendo mais. A expectativa de vida brasileira já atinge 67 anos para os homens e 70 para as mulheres, e a questão que agora se impõe não é como viver mais, é como viver melhor. John Travis, médico norteamericano, propôs um modelo denominado "continuum da qualidade de vida" para a dinâmica da saúde. O ponto neutro, central, indica um momento em que não estão manifestos problema aparente de saúde. Abaixo dele estão os estágios em que tais sinais ou sintomas estão patentes. Mas existiria ainda o patamar acima dele, no qual se pode aprimorar conhecimentos e melhorar a qualidade de vida, aprimorar o vigor físico e mental e a conexão espiritual. Infelizmente, para este patamar, médicos e demais profissionais de saúde ainda estão despreparados ser de auxílio. Cabe a cada um cuidar-se, e para isto, adquirir conhecimentos, buscar ajuda com profissionais competentes, estabelecer metas e objetivos de melhoria, reservar tempo para realizar atividades físicas, ligar para os amigos, apreciar o pôr-do-sol, nadar na praia, ajudar algum necessitado.
O fato é que se pode controlar mais de 50% dos fatores que levam a bem-estar e saúde. Menos de metade é determinada pela herança genética, pelo tipo de assistência médica e pelo ambiente em que se vive. Para exemplificar, segundo a Organização Mundial da Saúde OMS, 80% dos casos de doenças cardiovasculares e diabetes e 40% dos casos de câncer podem ser evitados com um melhor estilo de vida, portanto, mais do que escolher o melhor plano de saúde, os melhores laboratórios, hospitais e médicos, importa ter-se o controle sobre hábitos cotidianos de alimentação, atividade física, relacionamentos e atitude espiritual. Tais cuidados, nada complexos, evitam o surgimento de doenças crônicas e permitem conquistar uma vida mais equilibrada.
Para Advogada Cintia Rocha**, especialista em Direito e Saúde se não tivermos pulso firme diante das adversidades imposta pelos Sistemas de Saúde chegaremos ao caos. “Hoje, disseram-me que no Brasil o número de celulares está muito próximo de atingir o número de habitantes. Não pude verificar se é verdadeira a informação, mas o fato é que absolutamente todo mundo tem pelo menos um celular. Não ter celular, como não ter e-mail, como não ter RG ou CPF, é algo impensável. Pergunta-se, pois, se, nas atuais circunstâncias, ter um celular é algo necessário ou supérfluo? E possuir um carro? Na Europa, é muito comum pessoas de alto nível social e econômico utilizarem transportes públicos. No Metrô de Viena, encontramos executivos de paletó e gravata ao lado de simples trabalhadores. No Brasil, isso é raríssimo. Todos esses fatos mostram, à saciedade, que há supérfluos necessários para umas pessoas, não, porém para outras; que certas coisas supérfluas no passado hoje são realmente importantes e que há necessidades artificiais, criadas pela propaganda maciça e alimentadas pela tendência à moda e ao consumismo”, relata Dra. Rocha.Por tudo isso, a qualidade de vida é, sem dúvida, inseparável da dignidade humana. Mas o que é realmente necessário para uma vida ter qualidade? Lembramos, a propósito, um fato muito antigo. O grande Sócrates gostava de passear com seus discípulos no mercado de Atenas, mas nunca comprava nada. A quem estranhava o fato, respondia que ia para ficar contente. E explicava que, no mercado, sentia-se riquíssimo, pois constatava que não tinha a menor necessidade de muita coisa que era indispensável para fazer a felicidade dos outros.
Jamais devemos desistir da luta, mais fica muito difícil de combater as diferenças quando todos só têm interesse em divulgar o que é bonito.  Por isso o meu objetivo é abordarmos como vamos dar acesso à população a ter a chance de uma qualidade de vida mais digna. Fazer valer seus direitos no que tange à saúde, convocar a mídia, a população, os médicos a abraçarem essa causa. Vamos juntar forças com as ONGs que representam algum tipo de patologia clinica e cobrar do Governo nossos devidos direitos constituídos.
CIDADANIA e OLHO esse é o meu lema e peço a todos que lutem por seus direitos, pois só assim vamos ter uma qualidade de vida digna.



*Adriana da Cunha Leocadio – Especialista na área da saúde, Bacharel em Direito, Membro da Organização Mundial da Saúde e Presidente da Ong Portal Saúde.



**. Cíntia Rocha, Advogada na área de Saúde e Direitos do Consumidor; Membro das Comissões de Direitos Humanos e de Direito da Saúde e Responsabilidade Médico-Hospitalar da OAB/SP.



Para maiores informação: contato@portalsaude.orgwww.saudeejustica.blogspot.com ou telefones: (11) 3253.3303 / 9905.6373

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