sexta-feira, 19 de abril de 2013

Bebê gerada após seleção genética doa medula à irmã


MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

Maria Vitória, 6, nasceu com talassemia major, uma doença hereditária que prejudica a produção de glóbulos vermelhos. A cada três semanas, tinha que receber "sanguinho", termo usado por seus pais para se referir às transfusões frequentes. Há um ano e dois meses, ela ganhou a irmã que tanto pediu aos pais e que poderia ajudá-la a se ver livre da doença por meio de uma doação de células-tronco. Maria Clara, a irmã mais nova, foi gerada a partir de um embrião selecionado em um tratamento de fertilização in vitro feito pelos pais.

A seleção buscou embriões sem a talassemia major e compatíveis para um transplante de células-tronco. O procedimento trazia uma chance de até 90% de cura para Maria Vitória.  Por isso, quando a mais nova nasceu, as células-tronco de seu cordão umbilical foram colhidas e congeladas. Mas, como o número de células-tronco do cordão não era suficiente para o transplante, considerando o peso da mais velha, foi preciso esperar até que a caçula crescesse um pouco mais para que também fossem retiradas as células-tronco de sua medula óssea por uma punção no osso ilíaco, na bacia.

Há 22 dias, o transplante finalmente foi feito. E, nesta semana, apresentou resultados: a medula óssea de Maria Vitória teve "pega", ou seja, passou a produzir suas células de maneira saudável. O geneticista Ciro Martinhago foi o responsável pela seleção dos embriões. Segundo ele, o caso abre brecha para que outras doenças também possam ser tratadas dessa maneira, como a leucemia. Depois do nascimento de Maria Clara, Martinhago já usou o método em outros 20 casos, a maioria para talassemia major e anemia falciforme.

A ONG Portal Saúde que já abriu portas para que portadores de doenças genéticas tenham seu tratamento custeado pelo plano de saúde, utilizando a força do judiciário, esse é mais um procedimento que vamos abraçar as causas das pessoas que nos procurarem. “É importante mencionar que casos como da Maria Vitória devem ser emblemáticas para nossa luta – diz Adriana Leocadio – especialista em direito e saúde e Membro da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

A ONG Portal Saúde disponibiliza parceria com advogados especializados em causas como a da Maria Vitória e consegue que fazer com que tratamentos como esses sejam custeados pelos planos de saúde.

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